25 de agosto de 2009

Do baú II

Originalmente publicado na Grande Loja do Queijo Limiano (com pequenas correcções):

Antes as SCUTS
Quarta-feira, Janeiro 04, 2006

Foi muito discutida a questão das SCUTS, bem como, por razões diversas, as transferências de fundos de pensões para o sector público. Está na altura de juntar os dois assuntos.

Num assustador Relatório de Auditoria revelado recentemente pelo Tribunal de Contas (disponível aqui) ficamos a saber que a diferença entre os montantes transferidos e as responsabilidades assumidas pelo Estado podem atingir qualquer coisa como 1.800 milhões de euros, no cenário mais pessimista.

Isto sem contar com a perda de receita fiscal, que seria gerada pela actividade dos fundos de pensões privados.

Reparem, 1.800 milhões de euros que não correspondem a investimento em infra-estruturas, ou em desenvolvimento humano.

São, tão só, o preço da arrogância e do tão propalado "rigor" da Dr.ª Manuela Ferreira Leite.

Preço esse que irá subir no dia em que fizermos as contas aos custos da venda da rede fixa à PT na economia nacional, das operações de securitização, etc., etc., etc.

Endividou-se brutalmente o país para compor cosmeticamente o défice em 2002, 2003 e 2004. Qualquer medida servia. Dinheiro deitado à rua!

Face a isto, antes pagar as SCUTS, o TGV e, nunca pensei dizê-lo, a Ota [agora, Alcochete]. Muito ou pouco reprodutivo, ao menos é investimento.

Estamos a falar de décadas e décadas de despesa. Até 2071, para ser inteiramente claro. Veja-se o gráfico do próprio Relatório do Tribunal de Contas:



O que eu gostava de saber é quem é que vai responder por este crime contra as contas públicas.

Ninguém, aposto já aqui. Afinal estamos em Portugal.

Face a isto, resta-me dizer que o que faltou ao Eng.º Guterres [podem actualizar se quiserem] nos anos da sua governação foi o instinto patrícida para fazer a mesma coisa.