1 de setembro de 2009

Spin Artists IV

Estas coisas não têm lado político. E este blog tem, mas não é cego ...

O mesmo blog citado no post anterior "apanhou" o Ministro Rui Pereira num mau exercício do velho "bons momentos é cá comigo, os maus é aqui com o Sr. Secretário de Estado", agora na variante em que o Secretário de Estado é substituído por fenómenos naturais.

Modernices ...

Spin Artists III

Também há a técnica do "tão descarado que pode ser que ninguém repare" ou a chamada falácia frontal.

Exemplo (editado):

Das falhas na saúde à propaganda socialista
publicado por José Gomes André em 01 Set 2009, às 16:52

Depois do desastre "Correia de Campos", convencionou-se dizer bem de Ana Jorge, ministra da saúde que se destacava pela sua serenidade e competência. Admito que eu próprio gostei da mudança de estilo, mas a acção recente do ministério da saúde merece críticas severas que porém não se têm verificado.

Refiro-me em particular à questão da Gripe A. Portugal é o segundo país europeu com maior taxa de incidência. Os serviços têm dado uma resposta deficiente (veja-se o caso da "Saúde 24" ou dos atrasos no Instituto Ricardo Jorge). A mensagem dos responsáveis políticos é incoerente, oscilando entre o "apelo à tranquilidade" e a descrição de cenários apocalípticos (recorde-se a entrevista de Francisco George ao "Expresso", onde se falava de um país parado e da hipótese de haver 2 milhões de infectados!). A própria ministra afirma não haver motivos para pânico, mas lá vai recomendando que não se frequentem locais fechados ou com muita gente (o que exclui apenas a utilização de cafés, restaurantes, bares, igrejas, museus, transportes públicos, aviões e dezenas de locais de trabalho - coisa pouca, como se vê).

O curioso é que são escassíssimas as denúncias deste comportamento errático e, nalguns casos, de pura incompetência. Curioso, mas não surpreendente. Se há coisa que distingue este governo socialista é a sua capacidade para controlar e abafar as mensagens negativas na imprensa, com os métodos por demais conhecidos.


Ora um leitor cuja capacidade de concentração não exceda os três segundos poderá acreditar na conclusão que ali está a final (assim mesmo, separadinho) desde que:

1) Não se lembre que com Correia de Campos, citado no primeiro parágrafo, aconteceu precisamente o contrário;

2) Esqueça que a ser assim ficariam por explicar as "más imprensas" de, ora deixem ver, e assim só para a amostra: Maria de Lurdes Rodrigues e Jaime Silva.

Exercitando o ponto, aqui vai uma "versão" do mesmo argumento (no sentido de enredo e não de asserção de um ponto de vista):

Das falhas na Direcção do PSD à propaganda social-Democrata

Depois do desastre "Luís Filipe Menezes", convencionou-se dizer bem de Manuela Ferreira Leite, (...) que se destacava pela sua serenidade e competência. Admito que eu próprio gostei da mudança de estilo, mas a acção recente do Direcção do PSDmerece críticas severas que porém não se têm verificado.

Refiro-me em particular à questão da Política de Verdade. Se tivesse sido Luis Filipe Menezes a dar esta entrevista, o que não se diria:

Foi a senhora, como ministra das Finanças, que aconselhou Durão Barroso a subir o IVA de 17% para 19%?
MFL — Sim, fui.

Como o PSD tinha prometido baixar os impostos, isso foi uma mentira política, o que quer dizer que a senhora contribuiu para que as pessoas “deixassem de acreditar nos políticos”, como agora denuncia.

MFL — Não considero nesse caso. [..]

A ideia principal da sua candidatura é a aposta na credibilidade e na verdade, mas tem consciência de que contribuiu para que as pessoas não acreditem nos políticos?

MFL — Não é verdade, primeiro porque não fiz o programa…

Mas apoiou-o e foi candidata em nome dele. E aconselhou o primeiro-ministro a aumentar os impostos.

MFL — Não aconselhei: pus como condição absolutamente inadiável que isso se fizesse. [...]

Entrevista à revista SÀBADO
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O curioso é que são escassíssimas as denúncias deste comportamento errático e, nalguns casos, de pura incompetência. Curioso, mas não surpreendente. Se há coisa que distingue esta Direcção do PSD é a sua capacidade para controlar e abafar as mensagens negativas na imprensa, com os métodos por demais conhecidos.
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Vêem, é fácil!

PS - A citação da Sábado foi recolhida algures na blogosfera por dificuldades de acesso ao site da revista. Espero bem que esteja exacta.